Artista que com seus desenhos e esculturas explora as intermediações entre o bi e o tridimensional. Suas obras geram uma sensação de como se houvesse uma continuidade dos papeis pintados para o espaço tridimensional.
Com menos de um ano de idade, Cláudio sai de Belém com sua família e se muda para o interior de São Paulo, alguns anos depois vai para a capital onde vive e trabalha até os dias de hoje. Em 81 inicia um período de formação acadêmica no Instituto de Arte e Decoração e percebe que a arte seria sua escolha de vida.
Apesar de seu trabalho estar inserido nas questões da arte contemporânea, Cretti carrega consigo algo das tradições modernas, como o concretismo e o neo-concretismo. Cretti é de uma geração de artistas que se formou vendo arte brasileira e artistas como Amilcar de Castro, Sérgio Camargo, Hélio Oiticica, para citar alguns.
Seus desenhos e a esculturas muitas vezes se unem em uma única obra que extrapola realmente o limite do papel. Em um desses trabalhos, Acima e Abaixo (2009), o artista usa vários materiais, entre eles o papel-arroz pintado, o mármore e a fita adesiva que atua tanto como suporte quanto como parte da estruturação da obra, que tem seus planos avançando sobre o espaço.
Mesmos os trabalhos exclusivamente sobre papel, como os desenhos com bastão oleoso da década de 1990, têm um dialogo íntimo com a produção escultórica, pela densidade da matéria (tinta) e o caráter maciço das formas que tencionam as bordas do papel.
Ainda na década de 1990, outra ligação forte entre o bi e o tridimensional se apresentava: obras formadas por colagem de camadas de papéis recobertos por pigmento surgem e dialogavam diretamente com pequenos relevos criados pelo artista. Esses transitavam entre a definição de pintura e objeto e também foram produzidos pela colagem de camadas, mas dessa vez o material usado foi a fibra de vidro, sobre a qual foram depositadas camadas de pigmento.
Claudio Cretti assegura que o desenho é o porto seguro de suas operações. Há, nesse sentido, um caráter de processo onde tudo começa no papel. Um dos suportes para esses desenhos é o papel-arroz que por causa de usa porosidade expele o óleo da tinta criando uma aura em torno da tinta preta, suavizando seu contorno e criando um certo mistério. Na década de 2010, Cretti continua explorando o desenho, mas agora começa a usar, além da tinta, o grafite em pó e de uma forma muito assertiva, traz mais matéria para a obra. Pequenos acúmulos de grafite se seguram no papel e também é usado para cria algumas áreas “esfumaçadas” que criam um contraponto perfeito com a solidez das áreas pintadas com a tinta preta.
Em 2014 o artista começa a explorar outros materiais para a criação de esculturas e com isso surge a serie Trago, que foi criada com peças de borracha e uma coleção de objetos formada durante anos pelo artista, com cachimbos e peças que propiciam a passagem de ar.
As obras de Cretti já fazem parte de importantes coleções como o Museu de Arte Contemporânea da USP e outras importantes instituições. Segundo a Galeria Clima, que representa o artista em Brasília, na capital federal os colecionadores se identificam muito com as pinturas grandes do artista, alguns com mais de 2 metros, mas independente da escala, o artista consegue mesmo nos menores formatos passar para o trabalho a força que ele precisa.
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